sexta-feira, 22 de junho de 2012

Cuidado Ipujucanos !

Um “desastre eleitoral”, esse pode ser o termo mais adequado para analisar os efeitos da guerra interna do PT no Recife para definir o candidato do partido. Na Região Metropolitana, cidades estratégicas já foram “vitimadas” com a disputa. No Cabo, o deputado Fernando Ferro perdeu dois partidos que prometiam coligação. O PV, que vai compor com o pré-candidato Betinho Gomes (PSDB), e o PSOL, que lançará candidatura própria. Em Ipojuca, o também deputado Pedro Eugênio, que ainda é presidente estadual da legenda, luta contra o tempo para conquistar apoios e seguir com a campanha. Nesses casos, os dois líderes foram prejudicados pelas energias gastas de forma excessiva para controlar o incêndio na capital, perdendo as rédeas de suas bases. Mas, se a disputa em torno da sucessão do atual prefeito Recife, João Costa, prometia graves fissuras dentro da Frente Popular, aliados mais pessimistas não enxergavam a formação de um verdadeiro “efeito dominó”. Em Olinda, por exemplo, o PT corre o sério risco de perder o posto de vice na composição com o prefeito Renildo Calheiros (PCdoB). As projeções são nada animadoras. Até porque, segundo informações de bastidores, os petistas estão perdendo “peso político”. Primeiro, claro, pela disputa na capital, que abriu um processo de fratura entre os correligionários. Segundo, com o lançamento da candidatura própria do PSB, do governador Eduardo Campos, no Recife. Com esse cenário, os comunistas podem integrar a composição no projeto socialista, encabeçado pelo ex-secretário estadual de Desenvolvimento, Geraldo Júlio (PSB). O deputado comunista Luciano Siqueira, que já foi ex-prefeito do Recife, era um dos cotados para o posto de vice. Seguindo esse “acerto”, os comunistas retribuiriam o gesto e colocariam alguém do quadro do PSB na composição de Renildo. O problema é o PT abriu mão de uma postulação em Olinda em prol do ex-aliado, rifando o projeto político da deputada Teresa Leitão. A parlamentar enviou, ontem, um ofício a Renildo pedindo uma definição. "Com a desistência do projeto de candidatura de Teresa, ficou acertado que a gente continuaria com o posto de vice. O problema é que essa questão do PSB com o PCdoB no Recife alterou tudo”, comentou o vereador do PT em Olinda Marcelo Santa Cruz. Segundo ele, o partido já indicou ao prefeito o nome do postulante, mas ainda não obteve retorno. Marcelo também avalia que a legenda poderá voltar atrás e lançar um candidato próprio na cidade. “Isso vai depende do retorno dele. O vice que indicamos (o vereador Enildo Arantes) e a própria Teresa podem ser os candidatos”, arrematou. A convenção do PT em Olinda está marcada para o dia 30 desse mês. Até lá, garantem os petistas, muitas águas vão rolar. Cabo, Ipojuca e Paulista na mesma rota O presidente estadual do PT, o deputado Pedro Eugênio está otimista com sua pré-candidatura em Ipojuca, no Grande Recife. Pesquisas internas da legenda sinalizam que o candidato tem boas condições de conquistar a vitória, apesar de não liderar o quadro eleitoral atualmente. “Vamos ganhar a eleição. Você já viu um candidato dizer que ia perder?”, brinca Eugênio. Segundo ele, seu projeto conta com dois partidos na base, porém, ainda não pode revelar. As articulações devem ser mantidas em segredo até a proximidade das convenções no município, no dia 29 deste mês. Pedro, porém, considera que o tempo gasto no Recife, para a definição do candidato, atrapalhou seu projeto. “Era um tempo que poderia me dedicar as articulações em Ipojuca. Mas ainda é cedo para avaliar quais serão os prejuízos políticos no final de tudo isso. Ainda vamos fazer essa avaliação no estado”, considera. O dirigente, que deve enfrentar o candidato governista Romero Sales (PMDB), além de Miguel Sales (PR), está confiante no “empurrão” do ex-presidente Lula em sua campanha. “Ele deve participar de um evento conosco. Esse desenvolvimento econômico de Ipojuca tem tudo a ver com o PT, com Lula e Dilma”, considera. O deputado federal Fernando Ferro, pré-candidato do PT no Cabo de Santo Agostinho, também concorda com os efeitos da disputa no Recife. No caso dele, dois partidos que prometiam aliança saíram da base, o PV e o PSOL. Ferro, atualmente, conversa uma legenda, que preferiu não divulgar o nome. O medo é a aliança seja cortejada pelo PSB, que na cidade deve lançar, pela Frente Popular, a candidatura do atual vice-prefeito Vado da Farmácia, apoiado pelo prefeito Lula Cabral (ex-PTB). “Essa questão de palanque não diz muita coisa. Temos muito espaço para caminhar na cidade. Nossa candidatura tem aceitação da população. A marca do desenvolvimento do PT, das nossas políticas, são visíveis no Cabo”, defendeu Ferro. Situação parecida vive o deputado estadual Sérgio Leite, que pretende se lançar candidato do PT em Paulista. Lá, ele não deverá contar com o apoio do governador Eduardo Campos. O líder socialista está envolvido no projeto de sucessão do correligionário Yves Ribeiro, que vai apoiar o vereador Júnior Matuto. Outro revés petista pode ser sentido em Jaboatão dos Guararapes, cidade vizinha ao Recife, onde surgiram os problemas. O vereador Robson Leite jogou a toalha e desistiu do pleito. Agora, o PT na cidade cogita apoiar a postulação do deputado estadual João Fernando Coutinho (PSB).

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